segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pensar Lisboa no Bairro da Cruz Vermelha

Este sábado que passou o Pensar Lisboa saiu da casca. Sim, saiu do conforto de um portátil, da facilidade de teclar e escrever e foi para a rua. Pensar tem destas coisas, não basta apenas ouvir os mesmos de sempre e ficar com o conhecimento de sempre. O Pensar Lisboa foi ter com quem pensa, vive e respira Lisboa. Já publicámos por aqui, mas de facto, ver ao vivo, contactar com as pessoas não tem comparação. Fomos conhecer o Bairro da Cruz Vermelha, no Lumiar. Mais concretamente a Associação de Moradores.

A calorosa recepção que o Presidente João Carlos nos deu foi de facto um tremendo incentivo a continuar a pensar esta cidade. Mas não foi só o Presidente, também a simpatia da Dona Maria, o prestável Francisco, o cavalheiro Senhor Manuel e a eficiente Carla receberam-nos com uma vontade contagiante. E que trabalho notável faz esta Associação. Começámos por conhecer o “motor” deles, o Bar/café que serve de ponto de encontro para este bairro. De facto, o “gueto” montado pelas novas construções à volta, necessita de elementos destes. Um café simpático, local de convívio, base para jogatanas de cartas e apoio às modalidades. E que belas vitrinas com troféus enchem de orgulho aquele bairro. Cicloturismo, atletismo, futsal, entre muitas outras modalidades. De facto o desporto é das respostas mais eficazes ao apoio das populações.

Seguimos para a sede e demos de caras com fotografias antigas. Explicaram-nos que aquele Bairro foi construído com o apoio da Cruz Vermelha e das diferentes Marias. A rua em que estávamos era a Maria Carlota, ladeada pela Maria Margarida. Um bairro com 2 mil habitantes, um bairro social, com os problemas transversais a estes bairros: toxicodependência, desemprego, contrabando, solidão de idosos, falta de uma rede de transportes, insegurança evidente. Que resposta a estes problemas? Solidariedade.

Esta Associação lançou um projecto de apoio a estes problemas: C3 em movimento. Uma carrinha com motorista, que dá apoio aos mais idosos. Trabalho notável que permite maior mobilidade, com mais comodidade e segurança. Mas não ficam por aqui. Existem aulas para quem deixou de estudar, falaram-nos claro, do apoio cortado pelo Ministério da Educação aos professores que iam até ao Bairro ajudar quem queria aprender. Mas também tinham lá 4 computadores, que serviam para apoio a quem queria aprender a navegar por um PC. Um complemento enorme ao trabalho da Junta e da Câmara. Falaram-nos das relações com os diferentes executivos, mostraram as suas acções de reivindicação para criação de melhores condições no próprio bairro. Um trabalho que não cabe nestas linhas, mas que tem e deve ser enunciado e enaltecido.

Terminámos a tarde com uma visita ao Bairro. Vimos a construção em altura a “tapar” o Bairro, vimos a esquadra da polícia timidamente instalada no Bairro, quase despercebida a quem passa por lá.

Vimos muito, ouvimos muito e sobretudo aprendemos muito. Os nossos parabéns pelo trabalho que fazem sem nada receberem. Porém, o que recebem é gratificante, o apoio que dão à população serve de consolo e são heróis destes que Lisboa precisa em cada bairro, em cada rua, em cada prédio.

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